10 de janeiro de 2011

Você pagou com traição!

Até então, procurei não me manifestar. Mas agora não tem mais como, dada as circunstâncias.

Procurei não me manifestar pois era totalmente contra a sua vinda para casa. E longe de mim querer "agourar alguma coisa". Sou gremista e apóio meu clube em qualquer decisão que ele vier ter. Na boa, ou na ruim, onde ele estiver. Então, preferi ficar no silêncio.

Mas a mágoa aqui dentro ainda era grande. Logo abaixo vínculo um texto espetacular, que admito concordar em todos os sentidos. Eu nunca vou esquecer quanto mau nos causou.

Ver as pessoas animadas com a volta de Ronaldinho, eufóricas, extasiadas, me causava um certo remorso. Pensava: "Sou a única gremista que não os quer aqui?" Para minha felicidade, assim como eu, haviam muitos gremistas silenciosos, pois acreditavam que a direção estava em busca do melhor. E que se o melhor era ele aqui, tínhamos a obrigação de aceitar!

Mas, aos 40 minutos do tempo complementar, uma reviravolta. Foi necessária a negociação de uma mulher, para todos verem a grande burrice que seria entrar no leilão promovido pelo empresário do Ronaldinho Gaúcho, o conhecido A$$i$. Quando começaram as especulações da vinda do Ronaldinho para o Grêmio, até comentei: "tem como vir só ele, deixar o mercenário do irmão dele de lado?". Não tinha. (In)Felizmente.

O saldo final das negociações foi a coisa mais absurda que eu vi. Uma hora, Ronaldinho dizia que queria vir para o Grêmio, até para ganhar menos. Na coletiva, falou: "Ah, o Flamengo é o Flamengo né?". E foi aí que tudo se perdeu. O que era uma antipatia com seu irmão, criou uma força absurda e se rebelou contra os dois. Ronaldinho e A$$i$.

Se o cara queria vir, por que simplesmente não veio?

Não estou magoada. Estou muito feliz por esse desfecho. E estou muito (completamente eu diria) orgulhosa de ser gremista. Ouvir a coletiva de sábado do Presidente Odone me fez muito feliz. Ouvir ele dizer que ele fez o que a torcida queria que ele fizesse, foi estrondoso!

Acho que o Grêmio terminou o ano com uma ótima equipe. Saímos da lama para o topo, o tipo de coisa que só o Grêmio consegue. Temos que valorizar os jogadores que estão lá, suando pela camisa, jogando por um time em quem eles mesmo acreditam.

É isso que a torcida quer.

Grêmio, estamos contigo onde tu estiver.

Abaixo, segue o texto de Cristiano Zanella, publicado após aquele jogo de despedida do Danrlei, no final de 2009.

Um beijo no coração.
Soy loca por TRI America. :)
Daia

--------------------------------------------------------------------------
"
Você pagou com traição

Uma inesquecível celebração ao gremismo o jogo de despedida de Danrlei de Deus Hinterholz, no sábado, partida que marcou o encerramento da temporada tricolor 2009. Mais de 33 mil torcedores em êxtase, doze toneladas de alimentos arrecadadas! Bonito de ver a vitalidade de Tarciso, o “Flecha Negra”, 58 anos, mais de uma década defendendo a camisa do Grêmio!

Ver o jagunço Dinho chorando como uma criança, afinal de contas, os brutos também amam! Ver Paulo Nunes cruzar para Jardel fazer de cabeça, correr pra galera, como nos velhos tempos! O “Capitão América” Adilson Batista, Arce, Rivorola, Roger, Carlos Miguel, só faltou o lendário borracho Arílson! O goleirão Mazaroppi, o bigodudo Nildo, que grandes presenças!

Era o Grêmio dos sonhos que estava em campo, uma seleção dos maiores craques que passaram pelo clube nos últimos vinte anos, personagens que fizeram parte de nossa infância e juventude e que continuam vivos no imaginário dos gremistas de todas as idades! “As pessoas vêm nos agradecer por tudo que fizemos pelo Grêmio, mas, para nós, é o contrário”, afirmava Paulo Nunes – “a gente é que agradece o que o Grêmio fez por todos nós”.

Fazia tempo que não ia de Social (existem lendas que no local se reúne a fina-flor dos corneteiros), mas visto que era um jogo festivo e as filas estavam enormes em todos os portões, nos emburacamos no portão 5, do lado oposto à Geral.

Bola rolando, só alegria, até que…

Segundo tempo, o ex-jogador Roberto Assis Moreira (hoje empresário, presidente do Assis Moreira Group, proprietário do Porto Alegre Futebol, time fundado em 2006) entra em campo! Vaias generalizadas, em todos os setores do estádio! Cada vez que tocava na bola, aumentavam as vaias: quando conduzia a bola, vaias estendidas; quando dava de tapinha nela, vaia breve, um rápido “buh”! Eram vaias que cheiravam a mofo, há muito estavam guardadas no peito da torcida tricolor!

Aos dezessete minutos da etapa complementar, gol de Assis, de cabeça! Foi a primeira vez, em meus 38 anos, que vi um gol gremista ser comemorado com vaias, em pleno estádio Olímpico! A avalanche desabou meia arquibanca e congelou! A torcida ficou sem reação! Começou a chover novamente!

Constrangimento total…

O povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la! Não sei onde ouvi esta frase, mas, desde então, não parei de repeti-la, incessante e insistentemente. Para minha alegria, os milhares de gremistas que compareceram à comovente homenagem provaram que o Grêmio, mais do que ter história, também tem memória!

Muitos afirmam que um profissional moderno não tem apreço à camisa, apenas cumpre seu papel de jogar bola, sem mostrar identificação com o clube, beijar o distintivo, declarar eterno amor, etc. Assis Moreira já sabia disso há mais de vinte anos. Com o sotaque chiado que o caracteriza (nunca falou a língua do “tu”, preferindo a impessoalidade do “você”), disparou o ex-pseudo-craque, em entrevista (disponível no site Final Sports): – “As portas do estádio Olímpico estão abertas para nós. A nossa história aqui dentro permanece intacta”.

Ledo engano…

Recordar é viver: em dezembro de 1987, os jornais noticiavam o “desaparecimento” de Assis, então com 16 anos, que, levado à Itália por um empresário, estava treinando no Torino. Todos os esforços possíveis foram feitos para trazer de volta o “garoto de ouro”, promessa de craque que nunca se concretizou (foi vendido em 1992, por um valor pífio). Anos mais tarde, em 2001, o caçula dos Assis Moreira, o mais festejado filhote da Miguelina, internacionalmente conhecido como “Ronaldinho Gaúcho” (recentemente eleito o “Craque da Década” – a julgar pelas últimas temporadas e participações na Seleção Brasileira, uma homenagem póstuma a um jogador em final de carreira), repetia o irmão! Assessorado pelo próprio Assis, fazendo juras de amor eterno ao Grêmio (embora já com um pré-contrato assinado com o Paris Saint-Germain), o dentuço deixava o tricolor em circunstâncias obscuras, em meio a uma batalha judicial que se estendeu por meses, episódio que a maioria dos gremistas classifica como verdadeira e inequívoca “trairagem”!

Há quem diga que a gota d´água foi a ida do filho de Roberto Assis para o colorado (foto), ou a inesquecível “performance” de Ronaldinho na final do Mundial Interclubes 2006 – partida que seria o “jogo do perdão”!

Tanto faz… a ordem dos fatores não altera o produto final!

Todos sabem que é esta a marca da família Moreira: na hora “da boa”, de comemorar, festejar os tempos que (infelizmente) não voltam mais, sempre presentes! Pra gravar comercial da Nike e fazer samba em concentração, 100%. Na dificuldade, na hora “da ruim”, escondidos, cabisbaixos, rendidos e derrotados, lá no fundo, talvez até constrangidos por sua conduta dita “profissional” – afinal de contas, profissional não tem time, aluga seu corpo e alma à quem lhe pague um soldo mais polpudo!

Assis Moreira: “você” pagou com traição, a quem sempre lhe deu a mão!

Direção: mais uma vez imploramos, ouçam a torcida! O Grêmio, mais do que nunca, precisa de união, dos gremistas de verdade! Errar é humano, insistir no erro, burrice! Não falo em nome da torcida, falo por mim: filho da dona Miguelina, jogando no Olímpico, só se for vestindo a camisa do adversário – de preferência a vermelha, que é a que lhes cai bem!!!

Cristiano Zanella
"
 

Blog da Daia | Creative Commons Attribution- Noncommercial License | Dandy Dandilion Designed by Simply Fabulous Blogger Templates